Culinária

Sempre tive curiosidade na culinária, mas nunca tive a prática de quem cozinha. Desde criança começei a observar ali e aqui, um pouco de longe, porque, sempre, vinha-me na memória a minha mãe gritando: - Cuidado! Não mexa no fogão! Saia de perto porque você pode se queimar!

Um dia a indaguei: - Mas eu vou ter que aprender a cozinhar um dia! E, na insistência, ela me permitiu fazer o que eu não achava graça, fácil demais, respondendo: - Um dia, quando você estiver grande o suficiente, eu vou deixar você usar a faca, usar o fogão, usar o forno, mas, antes que este dia chegue você deve me observar e aprender a não se ferir. De vez em quando se ouve falar de crianças que foram queimadas ou se cortaram por acidentes na cozinha.

Testei minha paciência por um tempo, e insisti: - Quem te contou isso? Aonde você viu isso? Eu prometo que vou ter cuidado, eu sei usar a tesoura melhor que qualquer um na minha classe...

Assim, eu perdi o interesse na cozinha depois de tanto olho pra cá, olho pra lá. Até que um dia, finalmente, minha mãe me deixou fazer um bolo, outro, uns biscoitos, outros... e ficaram bons! Depois foi insistindo com o meu pai que eu aprendi a cozinhar arroz, fritar ovos, cortar algumas frutas e vegetais, fazer sucos, selecionar feijão, fazer compras de vegetais e carne no mercado... (Eu ainda não sei escolher carne!) Pronto, tudo tão simples e fácil, como eu imaginava.

Lembro de quando eu era bem pequena, brincando de casinha, tentando imitar os meus pais nos afazeres domésticos. Ambos cozinham muito bem. Num dia destes, que perguntei à minha mãe:
- Mãe, eu quero fazer comida de verdade, assim, pra gente comer.
E minha mãe pensou, e me respondeu: - Por que você não aprende primeiro a cozinhar na sua cozinha, usando o que a mamãe usa na cozinha dela?
Não era a resposta que eu esperava, mas daí começei a colocar farinhas e grãos reais nos mini-potes dos meus micro-armários de cozinha... e eu fiquei satisfeita por um dia ou outro. Daí, começei a perguntar aos meus pais o que eu deveria colocar nas mini-panelas pra cozinhar, mas ainda não deixei de usar os  imaginários ingredientes que eu improvisava, tipo óleo e azeite... porque eu não queria estragar os grãozinhos bonitinhos de novo e deixa-los todos melecados, sujos, e ainda por cima ter que doa-los de volta para os meus pais para eles cozinharem sozinhos na cozinha deles! Era o fim da picada... a brincadeira não tinha graça se ninguém comesse a minha comida... neste caso... a minha lixeira, sempre cheia de restos, um sinal de que houve fartura!!

Como minha mãe havia previsto (porque a ouvi dizendo pra alguém), um dia destes eu esqueceria a minha coleção de alimentos, às vezes partilhados com meus irmãos, no nosso universo imaginário da fome, de alguém que chega em casa vindo de um dia cansado de tanto trabalhar, na construção civil das nossas cabanas, armadas com lençóis, cobertas e pregadores de roupas ao redor de nossas camas de beliche.

Esqueci, sim, da vontade de aprender, da curiosidade por fazer da matéria-prima uma obra-prima...
Ah, esqueci, porque cozinhar era fácil, era seguir passo à passo num tempo determinado.
Mas agora... voltei!!!

E eu descobri que cozinhar não é tão fácil como aparenta, e sim, realmente é uma ciência de sabores.

3 comentários:

Anônimo disse...

a foi a denise que dissi tudo isso.

Anônimo disse...

e quem te falou que vc cozinha alguma coisa Que. so vendo e comendo garota te conheço e bem. beijos te amo.

quetcha disse...

Aahuahua... já desconfiei!!
Beijão, te amo DD!

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